As Origens da Escrita Cónia, Uma Origem Autóctone?
Para o Professor Adriano Vasco Rodrigues a escrita cónia encontraria as suas raízes nos desenhos geométricos dos finais do Eneolítico e das quais existem vários testemunhos no nosso território. Se Vasco Rodrigues tem razão, a origem do alfabeto que ainda hoje utilizamos e que é essencialmente a adaptação romana do alfabeto grego, por sua vez uma importação fenícia, estaria não nos fenícios mas nos cónios… Uma teoria arrojada, sem dúvida.
Estácio da Veiga em 1891 apresentou a tese de que “o alfabeto longe de ter tido origem, como é suposição corrente, na Fenícia, proveio da Península Ibérica”.
Também Mendes Correia, em 1928, na sua “História de Portugal” escrevia que “a sua origem oriental é um arreigado preconceito erudito” e apontava os grafitos de Alvão (Trás-os-Montes) como os antepassados da Escrita Cónia.
António Navarro acha que “os navegadores fenícios, apenas reduziram e simplificaram o alfabeto que aqui vieram encontrar no Sudoeste Peninsular, dada a grande vantagem comercial que certamente lhes proporcionava. Simplificaram-no, reduzindo-o a um sistema alfabético para eles mas meramente consonântico, sem vogais, sem base mnemónica e, portanto, acrofónicamente desajustado.
Todos os sistemas originais de escrita conhecidos apresentam níveis de evolução. Por exemplo, a escrita minóica Linear B foi classificada por John Chadwick em três fases distintas. Com a Escrita Cónia não temos esse fenómeno. Ela surge, já amadurecida, muito depois dos grafitos de que falávamos no parágrafo anterior e sem vestígios de continuidade evidentes. A única explicação razoável para esta ausência é a origem exógena da escrita, isto para prejuízo da tese de Lopes Navarro.
Na questão da origem do alfabeto, a datação assume naturalmente um papel determinante. Neste ponto, sabe-se que as estelas cónias recuam ao século VII a.C., ou mesmo até aos finais do VIII, ou seja, que são anteriores em quase dois séculos às primeiras inscrições ibéricas descobertas na Andaluzia e no Levante espanhóis.
Esta é a opinião de Mário Varela Gomes, que a coloca como a mais antiga escrita peninsular e da Europa Ocidental.
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