sexta-feira, março 16, 2007

O Passo de menina a mulher na antiga Grécia


Na sua comédia "Lisístrata", Aristófanes dava, no final do século V a.c., uma breve mostra de todas aquelas cerimónias que marcaram a vida dos atenienses: « Apenas teve sete anos, levei as vasilhas na procissão, depois, aos dez, moia o trigo para a nossa superior». «E, depois, à volta da túnica azafranada, fui "sacerdotisa" nas festas Brauronias, e no final, com um colar de figos secos, convertida numa harmoniosa rapariga, cheguei a suportar levar as canastras da deusa no desfile».

Assim neste curto paragrafo, descrevem diversos rituais religiosos em que uma rapariga de Atenas devia participar para converter-se numa cidadã de pleno direito. A maioria destes rituais, sobre o que se escreveu muito, são rituais de iniciação, é dizer, cerimónias que as jovens (igual ao que sucedia com os homens) deviam realizar para chegar a pertencer a uma colectividade e determinar a sua posição dentro dela.

Dentro destes rituais sempre pudem-se distinguir três fases claras: primeiro separa-se a pequena da sua familia e do seu contexto quotidiano, para, em segundo lugar, levá-la até um lugar longe da sua comunidade donde empenhará a iniciação. Finalmente, uma vez completada a sua educação e celebrados todos os rituais, a rapariga converteu-se em mulher - esposa e futura mãe e, portanto, ela pode ser devolvida à sociedade donde agora, (igual ao jovem, convertido, a sua vez, em homem-guerreiro) desempenhará o seu novo papel.
Os estudiosos discutiram acerca de si nestes rituais de iniciação participavam todos os jovens, ou então somente faziam alguns eleitos. Parece que sociedades muito grandes, como é o caso da ateniense, só eram as classes aristocráticas as que podiam permitir-se o luxo de enviar aos seus principiantes a realizar as cerimónias de maneira completa, ainda que as classes mais pobres deveriam conformar-se com a entrega de oferendas e as orações.
Nesse caso das mulheres, estes ritos iniciáticos não eram tão majestosos nem fastosos como os masculinos, e o seu objectivo era preparar as mulheres para o seu único destino possível, o de esposas e reproductoras.
Geralmente, os ritos religiosos donde as mulheres eram as protagonistas veriam marcados pelos seus ciclos biológicos, pelo que a iniciação feminina devia levar-se a cabo justo antes da primeira mestruação.
Revista História, National Geographic, nª33
Tradução feita por mim.

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