O Lince Ibérico é um ser Único e cheio de Beleza.
Lince; de Linceu, herói mitológico grego, caracterizado por ter um olhar de tal forma penetrante que furava pedras e ainda que lhe permitiu ver objectos subterrâneos. Era filho de Aphareus e Arene, e neto de Perseus, e foi um dos Argonautas que tomou parte na caçada aos javalis em Calydónia. Linceu foi morto pelo Pollux.
Na Idade Média o Lince era considerado um animal de muito valor que só os reis e os nobres podiam caçar. Ainda hoje continua a ser considerado um animal terrível e evocado como tal em contos e lendas populares. A expressão "olho de lince" vem do facto deste animal possuir uma visão muito apurada, capaz de distinguir no escuro o mais pequeno movimento.
A recente evolução negativa na distribuição desta espécie, tem sido alvo de uma série de estudos, que traduzem a grande preocupação que a nossa sociedade tem pelo desaparecimento deste nosso felino.
Os estudos sobre as causas da regressão do lince-ibérico apontam para três grandes conjuntos de factores, uns com efeitos directos outros indirectos, e que, em cada um deles, variam os factores com o tempo:
- Mortalidade não natural elevada; Destruição/Perturbação de indivíduos; Caça; Controlo de predadores; Atropelamentos.
- Alteração/Destruição do habitat e fragmentação; Florestação/Desflorestação; Incêndios; Práticas agrícolas; Vias de comunicação; Isolamento geográfico; Destruição de abrigos, de dormidas e de locais de reprodução.
- Diminuição drástica da presa principal; Alteração do equilíbrio trófico; Reduções drásticas das populações de coelho.
Os mesmos estudos apontam uma série de medidas para recuperar as populações de lince:
Leitura recomendada
· http://www.ellinceiberico.com/
· http://www.soslynx.org/
· http://www.vertebradosibericos.org/
· http://www.icn.pt/
· Ward, D. (2004). The Iberian Lynx Emergency. SOS Lynx.
· Ward, D. (2005). Saving the Iberian Lynx: the way forward. SOS Lynx.
HABITAT
O lince tem preferência por locais de vegetação mediterrânica tradicional. Ou seja o bosque mediterrânico, com zonas de mato mais denso, ideais para refúgio e para caçar de emboscada, e outras com menos vegetação, que permitem a existência da sua presa preferencial, o coelho, Oryctolagus cuniculus. A presença de pontos de água e a fraca perturbação do Homem, são também factores importantes
para o habitat deste felino. Normalmente habitat em zonas entre os 400 e os 1300 metros de altitude.
De uma forma geral pode-se dizer que o lince tem preferência por:
- Matagais de Q. suber e/ou Q.rotundifolia;
- Carvalhais acidófilos (ex: de Quercus robur e Q. pyrenaica, de Q. rotundifolia e/ou de Q. suber);
- Florestas de coníferas nativas (mistas ou não);
- Garrigues calcícolas da região meso-mediterrânica ocidental;
- Maquis silícolas meso-mediterrânicos;
- Montados de Quercus spp. de folha perene
- Matos termo-mediterrânicos pré-estépicos
As zonas de mato mediterrânico denso, com pouca perturbação humana, determinam a distribuição e escolha de habitat por parte deste felino. No entanto, zonas com elevado efeito de orla, com pastagens e matagais, por serem favoráveis para o coelho, estão sempre presentes no território do lince. As grandes área continuas de povoamentos florestais monoespecíficos são evitados, devido principalmente, à escassez de presas. As áreas de maior actividades agrícola, de pastorícia intensiva e com elevada presença do Homem só são usadas por animais em dispersão.
Os nascimentos ocorrem em locais isolados, com sossego e difíceis de encontrar. São exemplo grandes árvores velhas e ocas, pequenas grutas, tocas abandonadas, manchas de vegetação muito densa, e até mesmo ninhos abandonados de rapinas ou cegonhas, quando facilmente acessíveis para o lince.
O território de um lince depende da disponibilidade de presas e da qualidade do habitat, variando a sua dimensão entre os 500 e os 2000 ha, não ocorrendo normalmente sobreposição.
Estes territórios são defendidos de uma forma agressiva, podendo mesmo causar a morte, especialmente a juvenis em dispersão.
Existe uma grande fidelidade ao território, e estes animais só se movimentam na altura da reprodução. Os machos deslocam-se para os territórios das fêmeas, abandonando-o depois de acasalar, e quando dispersam, as crias abandonam o território da progenitora antes do acasalamento seguinte, procurando novo território.
Em locais com presença deste felino, podemos encontrar vestígios da sua presença, embora estes sejam também cada vez mais raros e difíceis de encontrar. São exemplo restos de presas, as ‘arranhadelas’ e ‘dedilhados’ em árvores para marcar território, as pegadas e dejectos e depósitos de urina cristalizada em cima de pedras.
A perda de habitat, a sua fragmentação e a regressão generalizada e acentuada de coelho, são algumas das razões para a diminuição, e quase extinção do lince-ibérico. Ou seja, sem habitat em quantidade e qualidade, disponível, os esforços de recuperação deste felino serão em vão.
"O perfume bravo das urzes, dos medronheiros, da relva cheia de flores regadas pelas águas cristalinas dos pequenos regatos e fontes, o calor do sol coado pela camuflagem que construímos para abrigo, o cordão umbilical cortado com o mundo, é difícil não passar divinamente por um sono delicioso cheio de saúde e quente de agrestes perfumes".
"Caçadas aos javalis" - Framar
Comportamento
O Lince Ibérico é sobretudo noturno e caça ao primeiro sinal da aurora. É bom trepador e pode atravessar a nado longos cursos de água. Percorre uma média de 7 kms diários.Tem uma visão extremamente aguda e persegue sua presa para grandes distâncias. Geralmente é animal solitário mas já foi observado caçar em grupos. Presa é geralmente levada uma distância considerável antes de ser comida, os restos sendo enterrados. Utilize uma variedade de locais para reprodução e criação, incluindo cavidades debaixo de matagal espinhoso (onde constroi ninhos de relva e varinha), tocas, árvores ocas e até ninhos velhos de cegonha.
É uma espécie extremamente especialista, a nivel trófico e de habitat. Alimenta-se quase exclusivamente de coelho-bravo e ocorre em zonas de bosque e matagais espessos onde a presença humana seja praticamente nula, nomeadamente nos bosques mediterrânicos autóctones existentes no Centro e Sul da Peninsula, constituídos por azinheira, sobreiro e medronheiro.
A sua escassez associada ao seu comportamento solitário, extremamente tímido e elusivo, torna a sua observação, e mesmo a detecção da sua acorrência, bastante difícil. Consequentemente, a sua existência numa determinada região pode passar completamente despercebida e desconhecida, mesmo para as pessoas que aí vivam uma vida inteira.
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