quarta-feira, janeiro 06, 2010

Para além das brumas...

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Os Deuses Celtas  



Angus Mac Og (Irlanda) - Deus: da juventude, amor e da beleza.

Anu (Irlanda) -Mãe Terra, Deusa de fertilidade, prosperidade e do conforto.

Arawn / (País de Gales) - Deus do reino do subterrâneo, do terror e da guerra.

Arianrhod ( País de Gales) - Deusa, aspecto da Mãe, da Deusa Tripla na Irlanda. Honrada na Lua cheia, Deusa da beleza, fertilidade, reencarnação.

Badb (Irlanda) - Deusa, aspecto da Mãe da Deusa Tripla na Irlanda. Associado com o caldeirão, e corvos. Representa a vida, sabedoria, inspiração.

Bel / Belenus (Irlanda) - Deus, estreitamente ligado aos Druídas. Deus da ciência, restabelecimento, primaveras quentes, fogo, sucesso, prosperidade, purificação, colheitas, vegetação, fertilidade.

Blodeuwedd / Blod-oo-eeth// Blancheflor ( País de Gales) - Deusa da terra em florescimento, flores, sabedoria, mistérios lunares, iniciações, Deusa jovem.

Boann (Irlanda) - Deusa Mãe de Angus Mac Og.

Bran o Abençoado (País de Gales) - Deus da profecia, das artes, dos líderes, da guerra, do sol, e da música.

Branwen / Bran -oo-en (País de Gales) - Deusa do amor e beleza.

Brigit / Breed / Brida (Irlanda e País de Gales, Espanha, França) - Deusa associada ao Imbolc, Deusa de fogo, fertilidade, todas as artes femininas. Esta relacionado à agricultura, à inspiração, ao aprendizagem. à poesia, à adivinhação, profecia, amor, bruxaria, ao conhecimento oculto.

Cernunnos (Ker-noo-nos) - Conhecido emtodas as regiões Celtas, Deus da Natureza e todas coisas selvagens. Deus da virilidade, fertilidade, animais, amor físico, natureza, reencarnação, encruzilhadas, riqueza, comércio, guerreiros.

Cerridwen (País de Gales) - Deusa da Natureza, da morte, fertilidade, inspiração, magia, astrologia, ervas, ciência, poesia, feitiços e conhecimento, sua imagem está relacionado ao caldeirão.

Creiddylad / Cordellia (País de Gales) - Deusa ligada à Beltane, frequentemente chamada de Rainha, Deusa de Flores de Verão, amor.

Crone conhecido em todas as regiões célticas - Deusa, aspecto da Deusa Tripla. Ela representa velhice ou morte, inverno, o fim de todas coisas, o sangue menstrual, fases de vidas das mulheres. Toda destruição que precede regeneração através de ela, o caldeirão do renascimento.

Dagda (Irlanda) - Deus da proteção, guerreiros, conhecimentos, magia, fogo, profecia, tempo, reencarnação, as artes, iniciações, o sol, restabelecimento, prosperidade e abundancia, música e harpa.

Danu / Danna (Irlanda) - Deusa provavelmente o mesmo como Anu, Mãe dos Deuses, Grande Mãe, Deusa Lua, Patrona dos Magos, rios, água, prosperidade e abundância.

Diancecht / Dian-ket (Irlanda) - Deus médico-mágico do Thuata da Danann. Deus de magia curativa, medicina.

Don / Dom-noo (Irlanda e País de Gales) - Deus governante da terra, da morte eentradas para os outros mundos. Controle dos elementos, eloquência.

Druantia (Todas as regiões célticas) - Deusa da fertilidade, paixão, atividades sexuais, árvores, proteção, conhecimento, criatividade.

Dylan (País de Gales) - Deus do Oceano.

Elaine (País de Gales) - Deusa, aspecto intacto da Deusa.

Epona (Grã-Bretanha, Gaul) - Deusa da fertilidade, maternidade, protetora dos cavalos, prosperidade, cães, primaveras, colheitas.

Eriu / Errado-eu-oo (Irlanda) - Deusa, uma das rainhas do Tutha da Danann.

Flidais (Irlanda) - Deusa das Florestas e coisas selvagens.

Goibniu / Gofannon / Gov-ann-em (Irlanda e País de Gales) - Deus dos ferreiros, fabricante de arma, fabricação de jóias.

Great Father (Todas as regiòes Célticas) - O Senhor (não o diabo), Senhor de inverno, colheita, animais, montanhas, regeneração. O aspecto masculino de criação.

Great Mother (Todas regiões Celtas) - Deusa, a Dama, o aspecto feminino de criação, Deusa de fertilidade, a Lua, verão, flores, amor, restabelecimento.

Green Man (Todas as regiões Celtas) - Veja Cernunnos.

Gwydion / Gwin-dee-em (País de Gales) - Deus, o maior, guerreiro-mágico, mudanças, magia, o céu.

Gwynn Ap Nudd / Gwin-ap-Neethe (País de Gales) - Rei das Fadas.

Gwythyr / Gwe-theer (País de Gales) - Deus, contrário de Gwynn ap Nudd. Rei do mundo superior.

Herne, o Caçador (Todas as regiões celtas) - Igual à Cernunnos, Homem Verde, Senhor da Caça selvagem. O lado ativo, masculino de natureza. Pai da Terra, dos animais selvagens, fertlidade, desejo, amor físico, agricultura, bandos. Deus Cornífero, o Deus amante da Deusa Mãe.

Llyr / Thleer / Lir (Irlanda e País de Gales) - Deus do oceano e água.

Lugh / Loog (Irlanda) - Deus das habilidades. Druída médico, magia, reencarnação, relâmpago, água, artes manuais, poetas, músicos, historiadores, iniciações, profecia. Conhecido como o Deus Sol Celta.

Macha / Maax-ah (Irlanda) - Deusa protetora nos estados de guerra, deusa da força física pura, sexualidade, fertilidade, domínio acima dos homens.

Manannan Mac Lir / Mannan-awn maliklir ( Irlanda e País de Gales) - Deusa do oceano, navegantes, das tempestades, fertilidade, artes, renascimento.

Margawse (País de Gales) - Aspecto da Deusa Mãe.

Merlin (País de Gales e Grã-Bretanha) - Deus, Druída, mágicko das ervas, da natureza, proteção, profecia, dons psíquicos rituais encantamentos.

Morrigan / Morgana/ Moor-rig-oo (País de Gales, Irlanda, Grã-Bretanha) - Deusa suprema, patrona das sacerdotizas, sacerdotes e bruxas.

Nuada / Nudd (País de Gales e Irlanda) - Deus parecido com Netuno, Deus das águas, oceanos, pesca e sol.

Ogma / Ogmios (Irlanda) - Deus parecido com Netuno.

Rhiannon / Hri-um-não (País de Gales) - A Grande Rainha, Deusa dos pássaros e cavalos, dos encantos eda fertilidade.

Scathach / Scatha (Irlanda) - Patrona da destuição dos ferreiros, magia, profecia.

Taliesin / Tal-eu-ess-em (País de Gales) - Deus poeta, da sabedoria, mago, música, conhecimento.

Todos os Deuses são um Deus e todas as Deusas uma Deusa!

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Avalon

 Em Avalon existiam cinco faces da Deusa com que as sacerdotisas trabalhavam, embora várias delas continuaram a venerar as Deusas de suas terras junto com essas cinco Matronas. Nós achamos vestígios delas nos registros escritos posteriores dos celtas e por causa de muitas das lendas terem sido escritas depois da Nova religião ter se firmado e tomado conta da Grã-Bretanha,devemos olhar além das antigas verdades ocultas nelas.

 De fontes como o Mabinogion e os poemas de Taliesin, damos início a nossa busca pelas Deusas de Avalon...

 Vir a conhecê-las é um processo para toda a vida - essa resumida compilação visa servir como introdução à informação não está de maneira nenhum completa, mas serviria como um indicador para direcionar o estudante em seu caminho.

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Blodeuwedd



Nove poderes de nove flores,


Nove poderes em mim combinados;


Nove botões de plantas e árvores...


Longos e brancos são meus dedos,


Como a nona onda do mar.

                                                         Hanes Taliesin





 Blodeuwedd é a Deusa virgem galesa, reverenciada em Avalon como a Deusa dos novos começos, independência e capacidade. A história que o patriarcado tem para contar de Blodeuwedd pode ser achada no trecho do Mabinogion chamado de Math, son of Mathonwy (Math, filho de Mathonwy).

 Ela é feita de nove flores pelos grandes magos Math e Gwydion,para ser a noiva de Llew, o Deus Sol Gales. Ela escolhe outro amante, que tenta assassinar seu marido, mas Liew, porém, se transformou em uma águia. Llew foi encontrado e trazido de volta a sua forma original por Gwydion, que transformou Blodeuwedd em uma coruja em como punição. Existem muito mais nessa história do que os olhos podem ver...observe além do que está escrito e verás a verdade.

 O nome Blodeuwedd significa “Rosto de Flor”, que se refere a suas origens nas flores, assim como sua associação com a coruja...que no País de Gales, ainda traz seu nome: Blodeuwedd.

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Arianrhod



 A Deusa Arianrhod, é uma das faces da Deusa Mãe em Avalon. Ela era a mãe de Llew ( Deus Sol Gales) e Dylan (Deus do Mar). Seu nome literalmente significa “Roda Prateada”, e sua morada, Caer Arianrhod, nada mais é do que a Via Láctea.

 Ela é retratada em Math, son of Manthonwy, e novamente devemos olhar além do que sua lenda conta. Ela é chamada a corte de Math por seu irmão Gwydion, é convocada a ser “Math’s Footholder” (algo como: A que segurava o pé de Math – isso é estranho mesmo). Para realizar essa tarefa, ela deveria provar sua virgindade, pois Math, exceto durante a guerra,si poderia viver se mantivesse seus pés no ventre de uma virgem. Pede-se que ela pise na varinha de Gwydion para verificar se ela de fato era virgem. Ela pisa sobre a varinha, e imediatamente da á luz a seus dois filhos. Dylan rasteja-se e escapa para o mar, enquanto a outra criança é capturada por Gwydion. A furiosa Arianrhod jura a seu irmão que a criança em seus braços nunca terá um nome, nunca empunhará uma espada e nunca possuirá uma mulher da Terra – e que essas coisas só poderiam ser concedidas pela mãe da criança. Com o passar do tempo, através de mentiras, Gwydion consegue enganar Arianrhod, e da um nome e arma á seu filho, mas apenas com a criação de Blodeuwedd que o jovem Llew pode ter uma esposa.

 Arianrhod é a representação da Mãe que é sempre virgem...aquela que dá à luz, ainda que não pertença a homem algum. De seu trono astral, ela coloca tarefas a nossa frente enquanto a Roda da nossa vida vai girando...

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Rhiannon



E os pássaros de Rhiannon...


Cantavam para Eles do outro mundo,


Trazendo a eles a alegria...

                                                                           O Mabinogion  


 A Deusa Rhiannon “A Grande Rainha”, e outra face da mãe. Ela que a égua branca, a rainha do outro mundo, cujos pássaros poderiam confortar as almas dos mais perturbados mortais. Ela é a mãe educadora, devota a seus filhos, que amavelmente nos ensina que devemos aprender as lições a nossa frente.

 Rhiannon aparece em dois trechos do Mabinogion, Pwyll, Prince of Dyfed (príncipe de Dyfed) e Manawyddan, son of Llyr (Mnawyddan, filho de Llyr).

 Como e dito nessas histórias, ela entende miséria e dor, separação e perda, mas sempre embora ela tenha sido enganada seu amor era implacável, e sua dignidade inabalável. Conhecida também como Épona pelos gauleses, e Macha para os irlandeses (Tanto Épona como Macha, assim como a própria Rhiannon são associadas com cavalos). Essa querida Deusa e a Grande Rainha Mãe dos Celtas.

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Cerridwen





Eu obtive minha inspiração,

Do caldeirão de Cerridwen.

                                                        Hanes Taliesin





 Cerridwen, a porca branca (as comparações aos animais não tem de maneira alguma uma finalidade ofensiva), e reverenciada em Avalon como a Deusa Anciã – Ela que é a escuridão da Lua, cujo caldeirão devemos adentrar para renascer. Ela é a lavadeira no rio, a feiticeira, a Cailleach, aqueles que não a entendem, temem-na, ainda que o grande Bardo Taliesin recebeu seu dom, entretanto, em um período de testes desse aspecto da Deusa.

 Certa vez, um jovem servo chamado Gwion roubou três gotas de uma poção que Cerridwen estava preparando para seu filho Avagdu. Com essa poção, obtinha-se todo o conhecimento, e sabendo que ela iria puni-lo, ele fugiu da furiosa Deusa.

 Uma perseguição repleta de mudanças de forma teve inicio, até que finalmente Gwion, na forma de um grão, se escondeu no chão na dispensa. Cerridwen transformou-se em uma galinha e comeu o grão consumido por sua vez Gwion. Nove meses depois, Taliesin, o Bardo, emegiu de seu útero, e Ela jogou-o no mar em Samhain, onde ele foi encontrado numa rede de pescar.

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Branwen



E Ela foi uma das três Matriarcais nessa ilha


linda donzela no mundo Ela era!

                                                                                 O Mabinigion



 Incrível Branwen, a personificação da soberana, e a Deusa Suprema de Avalon. Apesar de haver um capítulo inteiro do Mabinogion que carrega seu nome, Brawen (filha de Llyr) – o único capítulo nomeado para uma mulher, a história apenas mostra a importância e o domínio dessa Deusa.

 Significado “Corvo Branco”, a irmã de Bran, o abençoado (Bran the Blessed).

 Se torna Rainha da Irlanda e é extremamente maltratada por seu marido.

 Enviando estorninhos (se não me falha a memória é uma espécie de pássaro),

 Que ela mesma treinou, ela chama seu irmão, que era Rei da Ilha da Bretanha, para socorre-la. Depois das batalhas do aparecimento do Caldeirão da Abundância, que restaura a vida, e a decapitação de seu irmão.

 Branwen retorna para a Bretanha onde Ela morre de tristeza por tanta morte e destruição.

 Ela é muito preocupada com a prosperidade de seu Reino, e é uma Deusa muito profunda e complexa.



 Essas cinco Deusas são muito mais do que os escritores dizem delas. Quando suas lendas foram finalmente, elas já tinham sido reduzidas em tamanho – elas não eram mais Deusas, mas sim mulheres mortais, rainhas, criações de magos, e pertencentes ao folclore das fadas. O patriarcado não foi bondoso com elas também, pois suas histórias são contadas mais em relação aos homens em suas vidas.

 Procure pelo que está escrito, mas olhe além das palavras. Esses são os símbolos a serem explorados, atributos a serem compreendidos, e se você pesquisar profundamente...as Deusas por Elas mesmas irão revelar suas verdadeiras histórias para você...

 Outras Deusas que possuem relações com Avalon são: Brigit, Anu, Danu, Morgan, e outras incontáveis Deusas locais trazidas a Ilha pelas mulheres que eram treinadas como sacerdotisas. Existem aqueles que dizem que as mulheres eram trazidas de todas as ilhas britanicas, das terras Célticas continentais, e até de lugares distantes como Grécia para estudar em Avalon. Seguramente, elas traziam suas tradições locais para a Ilha.

 É conhecido por nós então que essas cinco – Blodeuwedd, Arianrhod, Rhiannon, Cerridwen e Branwen, são as guardiãs da Ilha Sagrada de Avalon















A ILHA DE AVALON
Retirado do site:
http://www.rosanevolpatto.trd.br/avalon.htm



Avalon é a ilha feérica acessível tão somente aos seres do Reino das Fadas e dos valentes cavaleiros que, por sua pureza e seu amor, serão dignos de ser admitidos nela. Entre outras maravilhas, se encontram nessa ilha as maçãs da imortalidade e eterna juventude, das quais se alimentam as fadas e seus amantes mortais.

Avalon é uma ilha puramente lendária ou teria existido realmente? Nos proporciona uma pista as narrações irlandesas, que veremos a partir de agora:

"Quando o rei Arthur, ferido de morte na batalha de Camlann, chega às margens do mar em companhia do cavalheiro Girflet, pede para que ele se afaste. Uma violenta tormenta se instala, depois aparece "sobre o mar uma embarcação com algumas damas. Uma dessas mulheres é a fada Morgana, irmã do rei. A barca se distancia, e se diz que foi direto a ilha de Avalon, onde ainda vive o rei Arthur, adormecido em seu leito de ouro." (A Morte do rei Arthur)



"A ilha das Maçãs também recebe o nome de Ilha Afortunada porque ali há todo tipo de vegetação natural. Os habitantes não precisam cultivá-la......As colheitas são abundantes e os bosques estão cobertos de maçãs e uvas.....A governam nove irmãs.....Dessas nove irmãs, há uma que se destaca sobre as demais por sua beleza e poder. Seu nome é Morgana, e ensina para que servem as plantas e como curar as enfermidades. Conhece a arte de trocar o aspecto de seu rosto, de voar pelos ares, como Dédalo, com a ajuda de plumas.....Para ali foi conduzido, depois da batalha de Camlann, Arthur, ferido..... Morgana os recebeu, com as honras que convinham. Fez que levassem o rei a seu dormitório, colocando-o sobre uma cama de ouro.....O velou por muito tempo e, finalmente, lhe disse que poderia recuperar a saúde se permanecesse com ela nessa ilha e aceitasse seus remédios."(Geoffroy de Monmouth, Vita Merlini, Jean Markale, L'épopée celtique en Bretagne, p. 120)

"Essa ilha rodeada pelo oceano não se vê afligida por nenhuma enfermidade. Não há ladrões, nem crimes. Não há neve, nem bruma, nem calor desmedido. Reina nela a paz eterna. Jamais faltam flores....nem os frutos nas folhagens. Os habitantes não têm defeitos, sempre são jovens. Uma virgem real governa essa ilha, a mais bela entre as belas." (Guillaume de Rennes, Gesta regum Britannie)



A ilha no meio do Oceano, que tem toda a aparência de paraíso, é um símbolo facilmente explicável: seria a imagem da vida intra-uterina projetada no espaço e deslocada do passado reminiscente ao futuro intemporal. Nela não existe morte nem enfermidade. Os frutos, principalmente a maçã são naturais e abundantes. Se desconhece a velhice.

Essa é a famosa "Idade do Ouro" que habita a imaginação do homem há milênios, é o estado placentário do feto protegido pelo calor do corpo da mãe, alimentado por ela, em um mundo fechado: um vergel, uma gruta, uma ilha, uma fortaleza, onde ainda não se distingui o Bem do Mal, a vida psíquica consciente.

Essa ilha é a ilha das Maçãs, como o Éden era o Vergel das Maçãs, como o Jardim das Hespérides continham "Maçãs de Ouro". O nome de Avalon, que tem seu equivalente galês na palavra Avallach, procede da palavra celta que significa "maçã" (bretão e gaulês "aval", compara-se com inglês "apple" e em latim "malum").

Os antigos manuscritos irlandeses evocam Avalon mediante nomes reveladores: Tir na Nog (País da Juventude), Tir Innambeo (País dos Viventes), Tir Tairngire (País da Promessa), Tir Naill (O Outro Mundo), Mag Mar (A Grande Planície), ou também Mag Mell (A Planície Feliz).

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A VIAGEM DE BRAN

O reino encantado de Avalon não era, como já reforçamos, só era acessível para os elfos, as fadas e por alguns mortais privilegiados. Esses mortais eram eleitos pela rainha do País dos Imortais, que lhes entregava, como viático, uma rama de prata de uma maçã sagrada, ou também uma maçã da juventude colhida dessa mesma árvore. O presente da rainha não servia unicamente de passaporte, mas também de alimento e bebida para os mortais que a acompanham. Muitas vezes, a rama de maçã produz uma música tão apaziguadora que os mortais que a escutam esquecem todas as suas preocupações e que cessa apenas quando os levam às fadas.

Assim foi quando um dia Bran, filho de Febal, escutou uma estranha música enquanto passeava só perto de sua fortaleza. Essa música era tão encantadora e tão enfeitiçante que caiu em profundo sono. Quando acordou, descobriu ao seu lado uma rama de prata coberta de flores brancas. E essa prata era tão branca que era impossível distinguir a rama das flores. Bran pegou a rama e a levou consigo a seu palácio real, onde esperava seus convidados. Entre eles observou a presença de uma mulher que emanava uma estranha radiação. Como e quando havia chegado ali, ninguém sabia. Porém todos a ouviram cantar:

Eu trouxe uma rama de maçã de Emain
Com seus raminhos de prata branca
e flores de cristal.
Existe uma ilha distante,
Em torno da qual os cavalos do mar resplandecem
e competem com as ondas brancas de espumas.

Quando havia terminado sua canção, que contava de uns duzentos versos, a rama de prata que Bran tinha firmemente presa em sua mão soltou-se e foi para na palma da mão da misteriosa mulher, que no mesmo instante desapareceu do mesmo modo que havia chegado.

Ao outro dia, enfeitiçado pelo encanto feérico que pesava sobre ele, Bran organizou uma expedição de navegação e partiu em direção ao sol poente em busca da ilha onde vivia a misteriosa mulher.
A Ilha das Mulheres, para onde se dirigiu o herói Bran, recebe o nome de Emain Ablach, e os poetas falam das maçãs que são encontradas ali e como sendo o doce lugar onde habitava o Deus dos mares Manannan Mac Lir. Pelo caminho, Bran encontrou o Deus em seu carro mágico flutuando sobre as ondas do oceano. Ele explicou a Bran que regressava a Irlanda depois de séculos de ausência.

Quando atracou na "Ilha das Mulheres", Bran e seus companheiros, foram recepcionados pela rainha das fadas, que os atracou por meio de um novelo de fio encantado a fim de distrair-los durante um período de tempo que não lhes pareceu superior a um ano, porém na verdade durou vários anos. Bran começou a sentir saudade de sua terra natal e pediu a rainha autorização para partir até a Irlanda. A rainha aceitou, com a condição que nenhum dos membros da tripulação pisasse em terra firme antes de ser espargido com água benta. Em sua impaciência de voltar a estar em seu país, um dos membros da tripulação de Bran violou esse tabu pisando prematuramente no solo de sua terra natal: imediatamente, seu corpo caiu reduzido em cinzas, como se tivesse vários séculos de idade.

Quando Bran, depois da bênção ritual, pode por fim regressar a sua casa, não encontrou nela nada que pudesse reconhecer. E quando contou sua história, alguns responderam que haviam ouvido falar da viagem da Bran, porém que se tratava de uma velha história que se remontava a vários séculos atrás.

A VIAGEM DE MAELDUIN (Irlanda):

"Atrás de muitas aventuras e descobrimentos maravilhosos no mar, Maelduin e seus companheiros chegam a uma ilha, onde são recebidos pela Rainha e suas dezessete filhas. Os dezessete homens e as dezessete jovens dormiram juntos, e Maelduin ficou com a Rainha. Pela manhã, a rainha disse a Maelduin:

-"Fiquem aqui e a velhice não te alcançará E, o que aconteceu essa noite acontecerá todas as noites."

Seduzidos pela maravilhosa perspectiva ficaram dos três meses de inverno, e lhes pareceu que esses três meses haviam durado três anos. Porém bateu a saudade de casa. Embarcaram às escondidas, porém a rainha lançou um novelo de fio encantado ao barco. Maeldin o suspendeu, mas ele ficou preso em sua mão. A Rainha não teve mais do que puxar o fio para fazer o barco regressar ao porto. Então ficaram três vezes três meses na ilha, até que embarcaram de novo. A rainha lançou o novelo e um marinheiro o recolhe. Cortam-lhe a mão, que cai ao mar junto com o novelo. Então a Rainha começou a lamentar-se e a gemer de tal maneira que toda a terra se encheu de gemidos e desespero." (Análise de Jean Markale, L"épopée celtique d'Irlande, pp. 196-202)

Essa última narração se trata de uma outra versão da mesma lenda. A Viagem de Bran é mais antiga, mas é fácil reconhecer nessa lenda celta o mito de Ulisses com Circe. A diferença está que Ulisses, por ser grego, era mais desconfiado com respeito as divindades femininas, pois era a imagem do homem das sociedades masculinas mediterrâneas. Ulisses era na realidade, um tipo racionalista e paternalista, que tinha medo do que se sucedia nas regiões mais profundas do inconsciente, que tem medo da mulher, porque sabe que a "Mulher" tem o poder de privá-lo de sua força e virilidade, de fazê-lo regressar ao mundo da infância maravilhosa, à um mundo onde o tempo foi abolido.

O herói celta, já é menos prudente, pois não tem medo de ser "desvirilizado" pela Mulher. Nem mesmo o herói cristão têm medo de ingressar nessa aventura, justo o contrário.

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