quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Comércio Tradicional Ameaçado!

TAVIRA: pequenas lojas "assustadas" com shopping
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Os comerciantes da baixa de Tavira não auguram um futuro promissor para os seus estabelecimentos. Em causa está a construção de um Centro Comercial na cidade.

Que a actividade comercial já não é o que era e que o número de clientes cada vez está mais escasso é ponto assente entre os comerciantes da baixa de Tavira que antevêem um futuro difícil com a chegada do novo Centro Comercial. Nem a perspectiva de a cidade poder vir a ter mais visitantes os anima…

“Prejudica sempre”, comenta com o Observatório do Algarve Doroteia Saleiro, gerente da loja Bazar Tanger. Esta comerciante considera que com a chegada do novo centro comercial “o pequeno comerciante desaparece”.

Doroteia refere que em 30 anos de casa nunca viu "isto como está agora” e enumera as alterações ao trânsito e a colocação dos parquímetros na baixa como uma das causas da já visível diminuição de clientes.

A falta de apoio aos pequenos comerciantes é apontada como outra das causas para os negócios não vingarem: “uma pessoa que queira montar uma loja não consegue, se for pequena não tem fundos”.

“Subsídios não há. Para abrir uma loja são muitas coisas que têm de se pagar: seguros, impostos… e a Câmara agora aumentou os preços brutalmente”, critica a comerciante.

“Olhe, só os chineses”, ironiza Doroteia como sendo os únicos que possivelmente irão conseguir fazer frente à chegada da nova superfície.

“Vai ser negativo porque o comércio já está de rastos”, refere Vital Silva, um comerciante de 78 anos, proprietário e gerente da Mercearia Fina Vital há 57 anos.

Este comerciante, dono de uma das casas de referência da cidade, tem assistido à evolução da baixa de Tavira e já se havia ressentido com a abertura de alguns supermercados no concelho.

Vital Silva optou por se adaptar e investiu em produtos diferenciados, que não se encontram nas grandes superfícies. Mesmo assim, a maioria dos clientes que o visitam são estrangeiros.

“Perco sempre dinheiro, todos os anos”, refere enquanto considera a possibilidade de encerrar o estabelecimento. “Por enquanto não fecho porque tenho mercadoria para escoar”, explica mas, no futuro, quem sabe…

Já a responsável pela Multiópticas Tavira considera que a nova superfície não vai prejudicar aquela óptica, contudo as outras lojas, nomeadamente de vestuário, vão ser afectadas.

“Trabalhamos com muitos clientes específicos. A pessoa para comprar um óculo procura um sítio de confiança”, justifica Vera Lima.

“Se bem que, com o tempo, se houver um óptica no centro comercial vai mexer com os óculos de sol e as coisas da moda”, antevê.

Um dos locais onde o Inverno não é sinónimo de época baixa é a Casa Stick, casa de desporto com duas lojas e um outlet na cidade de Tavira, tendo a primeira loja aberto há cerca de 25 anos.

Fátima Chagas, uma das proprietárias, defende que “enquanto comerciante [o novo centro comercial] não me vai beneficiar em nada”.

“Vai ter uma Sport Zone, vai prejudicar aqui”, explica.

A diminuição do poder de compra e o acesso a condições como um parque de estacionamento gratuito são factores que os comerciantes enumeram, no geral, como decisivos para a diminuição da clientela.

Vítor Caetano, da Sapataria Donald, ainda não tem opinião formada sobre o futuro Centro Comercial. Está à espera para ver os resultados, conta ao Observatório do Algarve.

Opinião diferente tem Jorge Afonso, funcionário da Modarte, uma loja de pronto-a-vestir aberta há 18 anos.

“Pela experiência que eu tenho nenhum Centro Comercial contribui para o desenvolvimento da cidade em termos comerciais”, comenta.

“Nós ainda nos estamos a refazer da abertura do Forum Algarve, agora vai ser muito difícil”, apoia Carla Fava, funcionária da mesma loja.

“As autoridades desta terra deviam olhar mais pelo comércio tradicional”, critica Jorge Afonso e acrescenta: “se os estabelecimentos comerciais apagarem as luzes, a iluminação pública é quase inexistente”, sublinha como um dos factores que pode levar a baixa de Tavira ao abandono.

“Isto fica para os cotas”, conclui.


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